Quebrei!

Minha maior aventura!

Quebrei nos 75km da TUTAN 2022, mas dei a volta por cima em 2023!

Por Janaina Rodrigues

Em 2022 estava inscrita para Tutan 42km, mas com o incentivo de uma amiga da mesma equipe (MP Run) resolvi alterar para os 75km, nosso treinador deu uma surtada, mas nos incentivou e nos ajudou nos treinos. Iniciamos os treinos na floresta da Tijuca e tudo estava indo conforme o planejado, mas infelizmente em abril minha sogra veio a adoecer e como ela morava em Seropédica e a família não conseguiu internação por lá, trouxemos ela para o RJ e consegui uma internação para ela no hospital Salgado Filho onde trabalho. Consegui que ela ficasse no setor onde trabalhava que era a Unidade intermediária. Infelizmente com o passar do tempo o quadro dela foi se agravando. Todos os dias mesmo sem estar de plantão eu ia de manhã cedo no hospital para fazer a higiene e os curativos dela e com isso os treinos foram sendo deixados de lado, apesar de todos os esforços minha sogra veio falecer na semana da Páscoa.

Fui a última pessoa com quem minha sogra falou, orei e cantei hinos para ela, falei ao ouvido dela que ela podia descansar pois ela já tinha feito um bom trabalho e que eu cuidaria do filho dela (meu esposo) nesse dia fiquei com ela das 7 às 17hs e ela esperou eu sair para descansar, assim que cheguei em casa recebi a ligação de uma colega de que minha sogra tinha falecido, apesar de esperar isso, não estávamos prontos.

Depois do enterro, colocar a cabeça no lugar foi difícil, eu sabia que tinha Tutan e não poderia desistir pois tinha combinado com minha amiga de equipe de fazermos a prova juntas. Veio a semana da prova e eu não estava bem, tive crises de ansiedade, meu corpo estava preparado, mas minha cabeça não estava 100%, chegou o dia do desafio e largamos bem, fui tentando controlar os pensamentos dizendo para mim que eu conseguiria. No km 42 em média senti que não estava bem, mas não quis parar pois minha amiga estava bem e tentei acompanha-la. Mas, quando chegou na tal subida do “Deus me livre” não consegui mais controlar o corpo e a cabeça, senti dormência nos braços e boca, bateu um desespero pois não queria passar mal ali naquele lugar, mas não aguentei mais. Comecei a chorar e disse para a minha amiga que não aguentava mais, disse que ela poderia ir, mas ela ficou comigo até chegarmos ao hospital.

A equipe de resgate chegou e logo tive um apagão, acordei dentro do carro de resgate, por um azar o carro teve problemas e demorei muito para chegar ao hospital, a minha sorte é que passou um carro com um casal e o motorista era médico. Fui levada para um hospital em Itamonte/MG, fiz exames, mas graças a Deus não foi nada de grave, provavelmente uma crise de ansiedade muito forte como me disse minha neuro

Prometi a mim que em 2023 eu voltaria e assim foi, treinei muito e faltando 1 mês para prova as crises de ansiedade voltaram. Havia o medo de passar mal novamente e de não concluir a prova. Por várias vezes pensei e falei que desistiria, mas com ajuda da minha psicóloga fui trabalhando essa questão e consegui ir à prova.

Chegou o dia da prova, a ansiedade e o medo estavam presentes, mas desta vez não permiti que eles me dominassem. Perdi muito tempo pois meu esposo nos primeiros 29km não estava se sentindo bem e acabamos entrando noite adentro na floresta. Muita chuva, uma neblina e uma escuridão que eu não enxergava a mão na minha frente, muita lama, vários tombos, nos perdemos, mas conseguimos achar o caminho certo. Próximo ao final da corrida avistei o pórtico e acelerei, a vontade de chegar era tanta que até larguei meu marido para trás, quando atravessei a emoção foi tanta… uma mistura de alegria e tristeza, chorei e sorri ao mesmo tempo.

Ser recebida pelo organizador Marcão foi maravilhoso, falei para ele que terminei a prova na força do ódio, mas eu terminei, finalizei dentro do tempo.

Durante a prova eu pensava: nunca mais venho, encarar esse frio e chuva é coisa de maluco! mas depois que você atravessa a linha de chegada, esquecemos tudo o que sofremos antes e durante a prova. Apesar de todo sofrimento durante a corrida, a cabeça e o coração já começam a planejar novos sonhos e novas metas. Quem sabe o que vem por aí? já estou na lista para 2024, mas agora nos 42km!

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